Lá em casa a saudade já deixou forma no travesseiro. Enquanto caminho pra abrir a porta 107, 8643 idéias atravessam a minha cabeça sem nenhum ideal definido. Mesmo assim, anoto todas elas no papel de rascunho que é a minha vida com o garrancho que são as minhas faculdades mentais. De antemão, ouço passos pelo corredor. A campainha toca. A muito custo encaixo a chave na fechadura e giro. Abro. Não sei bem dizer o que vem primeiro, se é o perfume ou a imagem. Talvez a física e a química ainda não tenham classificado a substância que me atrai nela. Por alguns segundos esqueço as boas-vindas, a chave, a porta, a respiração. Como meu coração insiste em bater cabeça por aí, saio do transe e carimbo a pele alheia com beijos uníssonos, desencano da burocracia feladaputa do dia e uso a minha assinatura pra reconhecer aquele corpo: digitais espalhadas pelos cantos da boca que tateiam o ar até chegar ao céu. Lá, sou deus pagão, carcereiro corrupto, moleque de pau duro esperando pra rasgar o embrulho e morder o presente.
Sobre o autor: Tiago Feliziani, publicitário e sonhador, do tipo fanfarrão....PÕE FANFARRÃO NISSO...
terça-feira, 21 de abril de 2009
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UFA!
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